O nutrimento do intelecto, para Pessoa, era a razão principal da existência. Na verdade, no “esprit” semântico da sua poética, compor obras era como navegar pelos mares desconhecidos da consciência, rios de águas sem fim que conduzem o homem à sua centralidade expressiva e esotérica.
No investigar do escritor, o paradoxo ocupa uma posição de destaque, o seu significado só tem valor quando contrário a ele mesmo, obtendo como resultado o status de verdade absolutana destruição da aparência, em um percurso que evoca o retorno ao absurdo teórico.
O banqueiro anarquista, raconto publicado pela primeira vez em 1922 na revista Contemporânea, mostra plenamente a manifestação do pensamento de Pessoa sobre o tema, unido à representatividade do indivíduo como Omen (destino) expresso daum contexto mais amplo do que a identidade anarquista.
Esta, por sua vez, é “utopia”, ou seja, não reside em nenhum lugar físico, mas, como diria Giorgio Gaber, simbolicamente, pode se manifestar dentro da pessoa, a qualquer momento, imediatamente.
A trama da estória é simples: depois de um jantar um banqueiro ilustra a um jornalista, intencionado a escrever-lhe sua biografia, as razões que o levaram a exercer tal profissão, a fim de satisfazer a sua fé anarquista, ao longo de um caminho de vida só aparentemente contraditório a ela mesma.
Marina Spreafico conseguiu adaptar o texto introduzindo entre os personagens a presença do anarquismo em pessoa durante o raconto do banqueiro, rival de uma consciência ideal que intervém impondo com perfeita clareza as condições para as suas afirmações. Particularmente belo o espaço cénico montado pelo arquiteto Massimo Scheurer, que envolve o uso de todo o teatro para evocar a cromaticidade das cores da Anarquia já presentes nos trajes, numa sugestiva melange com atrilha sonora do compositor Walter Prati.
Uma peça bem interpretada comritmo e movimento, densa de ironia apesar de sua lógica transgressiva, na estrutura de um drama típico do absurdo. Mais um vez flores para os olhos da black box milanês que traz de volta um dos escritores mais representativos do século XX europeu, sobre uma verdade oculta que apenas pode ser revelada além das máscaras da aparência. No fundo, para citar o próprio Pessoa, o poeta é um fingidor, a ponto de fingir a dor que realmente sente.
Avaliação: ****
PRODUÇÃO DO TEATRO ARSENALE
Rasenha Dedicada a Fernando Pessoa
O banqueiro anarquista de Fernando Pessoa
Tradução, adaptação e direção de Marina Spreafico
Com Arsenale-lab: Mario Ficarazzo, Mattia Maffezzoli, Vanessa Korn
Assistente de direção : Lorena Nocera
Espaçocênico: Massimo Scheurer
Figurino:Giulia Bonaldi
Aderecista: Ambra Rinaldo
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Trilha sonora : Walter Prati
Vídeo: Ino Lucia
Iluminação: Piera Rossi
Milão, Teatro Arsenale, rua C. Correnti 11
Da 16 de fevereiro a 14 de março de 2010
Outras iniciativas, inspiradas no escritor e sua obra:
27 de fevereiro de 2010, às 16:30h – A Lisboa com Pessoa + aperitivo português: um passeio “virtual” por Lisboa com a guia de Pessoa e convidados especiais. Pierluigi Salvadeo, professor de cenografia da Faculdade de Arquitectura do Politécnico de Milão, ilustrará a forma Urbis da cidade através do guia de viagens da cidade de Lisboa. O que o turista deve ver (escrito por Pessoa em 1925), comparando-a com a cidade atualmente. António Capelo, talvez o mais conhecido ator contemporâneo Português, presentearà o público com um recital de poesias de Pessoa, na língua original, acompanhado de um violão.
6 de março de 2010, às 17.30h – Arsenale-lab Por Pessoa: Os jovens do Arsenale-lab apresentarão Ato único para o diabo, livremente inspirado na Hora do diabo de Pessoa.
Traduzido por Giovana Ferreira Gagliano
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